Diagnóstico traçado por peritos de engenharia aponta que solução passa por obras de grande complexidade
O diagnóstico traçado por peritos de engenharia para as causas do aparecimento de tantos buracos e crateras em Belo Horizonte é prenúncio de que os transtornos para os motoristas estão longe de acabar. Segundo eles, a manutenção dos pavimentos asfálticos ou de concreto é superficial, e não atende à necessidade. Além disso, avaliam que a impermeabilização das vias gera um volume de água que as redes pluviais da Copasa não suportam mais. A solução seria mudar o modelo de pavimentação, reduzindo a impermeabilização do solo para permitir o escoamento das águas de chuva, ou aumentar a capacidade das galerias e tubulações. Nenhuma dessas soluções é vislumbrada a curto prazo pelos órgãos competentes.
Na avenida Silva Lobo, na região Oeste, uma cratera com quatro metros de diâmetro atrapalha o trânsito. E na parte da pista que sobrou, as rachaduras e o asfalto suspenso por onde os veículos passam indicam que a tendência é o buraco engolir a via, se nenhuma providência for tomada. Essa realidade se repete em diversos pontos de BH.
Os órgãos responsáveis não apresentam soluções imediatas, afirmam os técnicos do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), Clémenceau Chiabi e Frederico Correia Lima Coelho.
Com o fluxo da chuva, as galerias que estão abaixo do asfalto já não estão suportando o volume de água. O que resulta na deterioração do solo e, consequentemente, prejudica a superfície. “Esse é o caso de uma drenagem deficiente. Eu mandaria interditar esse local agora”, diz Clémenceau, se referindo à pista onde está o buraco, na Silva Lobo.
Frederico adverte que pode acontecer uma tragédia, sem a recuperação correta. “Essa pista está condenada”, constata.
O motorista Gilmar Campana, que passa pela Silva Lobo diariamente, afirma que esses buracos surgem também fora da época chuvosa. “A rede de esgoto daqui não comporta mais”, opina.
Os peritos explicam que as operações tapa-buraco só funcionam em um curto espaço de tempo. “O asfalto é apenas uma capa. O ideal é recuperar todo o pavimento, desde o subleito, passando pela base, até a drenagem”, afirma Chiabi.
Os especialistas consideram os resultados das intervenções corretivas “insatisfatórios” e resultam em vias repletas de remendos, que se assemelham a uma colcha de retalhos, além de crateras que sempre voltam a atormentar a vida de motoristas e pedestres.
Outra causa para o surgimento de buracos, segundo Clémenceau e Frederico, é a instalação inadequada das redes de esgoto, água ou energia. “A interferência no pavimento de maneira errada pode gerar rachaduras na pista, que vão facilitar a entrada de água”, explica Frederico, que é presidente do Ibape. Na avenida Bandeirantes, na altura do número 1.500, na região Centro-Sul, Clémenceau mostra um exemplo. “Tem esse buraco, mas vão surgir outros. Dá para ver vários remendos na pista”, aponta.
Fonte: Hoje em Dia