Sejamos entusiastas

“Deixem o Brasil trabalhar” é o tema do artigo de Roberto Simões, Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) onde o líder rural, descreve de maneira lúcida, atual e importante para nós, produtores rurais, que mesmo diante de uma forte crise hídrica, econômica e, sobretudo moral não pode se deixar abater.

No artigo, ele diz:

“o produtor rural sofre os impactos do ambiente de generalizada desconfiança tanto no governo como no Congresso. Nesse cenário de quase paralisia das instituições, o empresariado brasileiro e os produtores rurais certamente têm um único pedido a fazer: deixem o Brasil e os brasileiros trabalharem! Diria mais às lideranças políticas do país: esqueçam os interesses particulares, a demagogia, o fisiologismo e o corporativismo e unam-se todos em um pacto pelo país. Criem condições para que os setores produtivos possam trabalhar com estabilidade a fim de gerar riqueza e empregos, que o mercado possa funcionar normalmente, o comércio volte a vender e que o consumidor, com seu emprego que não estiver sob ameaça, voltem a comprar”.

É compreensível tamanha preocupação e comungo deste mesmo sentimento. Estamos na pior seca dos últimos 80 anos. Rios secaram, lavouras morreram, o gado foi embora. Tivemos muitos prejuízos. A perda é irreparável. Eu seria hipócrita se dissesse o contrário. Um prejuízo social. Como produtor de leite e pecuarista vivo também esta instabilidade.
Roberto Simões também descreveu que:

“Nos últimos 12 anos, o PIB agropecuário brasileiro registrou a expressiva taxa média de crescimento de 3,2%. Este ano, no primeiro semestre, apenas a agropecuária apresentou crescimento positivo do PIB, de 3%. Em Minas Gerais, no mesmo período de 12 anos, a taxa de crescimento médio do PIB agropecuário foi de 2,6%. Em simetria com os resultados de todo o país, no primeiro semestre, somente o PIB agropecuário apresentou resultado positivo (0,1%). Hoje, de acordo com dados da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), o PIB da cadeia produtiva do agronegócio, ou seja, a soma de todas as riquezas produzidas pelo setor é de R$ 1 trilhão, equivalente a cerca de 20% do PIB nacional”.

É por isso que não devemos nos desanimar. Devemos sim ter ânimo sempre. Acreditar, como todo sertanejo, no poder de recuperação da nossa terra. Reconhecemos toda a força do homem do campo. Viabilizamos o desenvolvimento do Norte de Minas. Transformamos a nossa região num pólo de qualidade e quantidade de bovinos. Temos animais com potencial genético altíssimo, que ano a ano demonstram a sua fortaleza e excelência. Aqui temos o clima favorável e terras produtivas. São muitas riquezas. Precisamos agora aguardar que Deus nos envie as chuvas, pois otimistas nos somos e muito.

“Segundo a Revista Globo, realizadora do 11º Prêmio Melhores do Agronegócio, quase 60% dos empresários do agronegócio brasileiro estão otimistas com relação aos negócios em 2016. Eles acreditam que suas empresas devam faturar mais que no ano corrente. (Revista Globo)

Em 2016, sejamos esperançosos – nós norte-mineiros temos um grau altíssimo de otimismo. A todo instante, diante de inúmeras adversidades que nos cercam, não cansamos de anunciar que “tudo vai ser diferente”, que a “boa nova vai chegar”. Esta na nossa mente!

Porém precisamos ser entusiastas de carteirinha. Pois carregamos em nossos corações a crença que o “amanhã” será muito melhor. Que comecemos agora com o texto de Guimarães Rosa: “A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.

E nós temos de sobra. Essa região uma vez, estimulada, responderá alcançando os melhores índices de produção e produtividade.

Osmani Barbosa Neto
Presidente – Sociedade Rural de Montes Claros