Sob o sol forte e com suor – fruto do trabalho e esforço – escorrendo pelo rosto, o povo sertanejo constrói a sua história. Quem tem a oportunidade de percorrer os cantões dessa Gerais desconhecida e pouco explorada, se depara com homens e mulheres que lutam diariamente para construir “esse mundo”, como bem definiu Guimarães Rosa.
Viver no sertão é viver de sentidos e sensações. É experimentar sabores, gostos e um jeito tão típico e tão rico de celebrar o que se tem. São ritos e manifestações culturais que valorizam essas terras. Fitas que colorem as ruas no mês de agosto, preces que clamam por chuva, alvoradas que saúdam o dia e temperos que sustentam a missão dessa gente.
Ser “estranho” nessa cultura tão particular é um convite diário. O norte de Minas é uma expedição infinita, onde cada passeio sempre proporcionará novas descobertas. Afinal, caminho é por onde se passa. A flor que desabrocha depois da chuva passageira, a cachoeira que chora entre as montanhas da paisagem e o brilho no olhar de um povo hospitaleiro e acolhedor. Experiências que tenho a oportunidade de viver há quase dois anos.
Na travessia por essas terras, jamais me esquecerei das Marias e Joãos com quem encontrei – nas mais diversas situações. Personagens de carne e osso, que constroem o enredo da vida real com alegrias e decepções. Estão sempre aqui e ali, firmes e fortes, sem entregar os pontos. Um clímax eterno.
Por aqui o tempo corre diferente, o pouco tem valor de muito e o simples dá um tom transformador.
Como poetizou o compositor Marcus Viana, “se o mundo é grande demais, sou carro de boi. Sou canção é paz. Sou montanha entre a terra e o céu. Sou Minas Gerais”. O norte de Minas é tudo isso e muito mais. É difícil de encontrar palavras para descrever esses dias por aqui. O povo sertanejo não se define. O sertão simplesmente é.
Carlos Eduardo Alvim
Jornalista, forasteiro, Filho de Barbacena, mas apaixonado pelo sertão Norte-mineiro